terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ato I - O Ceifeiro do Capuz Carmesim - Parte II

Elodin não se moveu quando ouviu a pergunta e continuou calado, tentando visualizar qualquer coisa que pudesse o ajudar com qualquer possibilidade de fuga. A raiva que havia dentro dele o impedia de manter qualquer contato com os outros ali.
                — Seu nome é Elodin, não é? — disse Artemis outra vez.
                — É — Elodin abaixou a cabeça e encostou a testa numa das barras de aço, cansado — Elodin.
                — O que você disse que fez mesmo? —prosseguiu Artemis. Argos apenas observava, surpreso pelo amigo ter respondido — Deve ter dado um motivo bastante convincente para eles lhe arrancarem dois dedos.
                — Cumpri minhas ordens — Elodin falou com tristeza e secura. Ele olhou para as duas mãos, fechou os dedos da mão esquerda e ficou encarando os três dedos que ainda lhe restavam na outra — Eu não sei quanto a vocês, mas eu não vou ficar aqui esperando alguma coisa acontecer. Eu vou sair daqui.
                — Nós não podemos fugir daqui — disse Argos, que lançou um olhar especulativo para Artemis antes de falar qualquer coisa.
                — Não pode ou não quer? — disse Elodin, com um olhar de raiva para o amigo, mas com o corpo ainda voltado para o corredor à direita.
                — Eu não sei se você reparou no carcereiro lá fora — disse Artemis — mas ele é bem grande.
                Elodin se calou por um momento, parecendo se dar por vencido, então ele ficou calado por um tempo e segurou uma das barras com a mão que ainda tinha todos os dedos. Ele olhou para o chão de palha.
                — O carcereiro lá fora se chama Lerry — disse, por fim — e foi ele quem fez isso comigo — Elodin então ergueu a mão enfaixada em direção a Artemis — Ele é grande e lento. Argos e eu já lutamos lado a lado mais de uma vez, tenho certeza que nós podemos segurá-lo por algum tempo.
                — Mas o senhor ignora o fato de que existem algumas barras de aço separando o seu amigo de nós — disse Artemis, mais preocupado com as pedras que havia encontrado do que em argumentar com o homem sem dedos.
                Elodin ignorou o comentário e voltou sua atenção para o corredor de alvenaria iluminado á luz de velas à sua frente. Ele encostou a testa em duas barras da grade e olhou procurando por Lerry.
                — Como você quer sair daqui? — disse Argos — É impossível. Deve haver um batalhão de soldados inteiro vigiando esses corredores aqui.
                Elodin baixou a cabeça e ficou encostado na grade, observando o chão de palha, sem esperança alguma. Eles queriam acreditar que havia um meio de escapar dali, mas as alternativas que tinham sempre terminavam em Lerry e nos guardas que poderiam estar fazendo ronda por ali.
                — Por mais que você consiga correr do Lerry ainda deve haver muitos outros — disse Artemis.
                O assunto morreu ali. Elodin pareceu se dar por convencido quanto a qualquer plano de escapar dali e ficou parado ao lado da grade, observando o chão e qualquer coisa que se movimentava naquele lugar.

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