Essa entra pro hall daqueles eventos singulares
de uma vida.
Eu e a Laura estávamos num terminal de
ônibus aqui em Houston quando avistamos uma figura no mínimo estranha. Um homem
negro, possivelmente mais de 50 anos, barba grisalha longa, roupa branca,
chapéu, cinto com uma fivela dourada do tamanho do meu punho e uma capa com a
estrela de Davi desenhada (que bem podia ser a bandeira de Israel...). Ele
estava de braços cruzados, encostado em uma pilastra e om os olhos fechados.
O ônibus que a gente esperava chegou.
Entramos. Ele também. Eu e a senhora sentou no meio, juntos; ele foi pro fundo.
O ônibus estava cheio.
Depois de uma semi-eternidade demos o sinal
pra descer. Senti um toque no meu ombro, quando ainda sentado, e me virei. Era
o tal sujeito, uma rosa em punho – surrada, é verdade – estendida pra mim.
Peguei. Junto vinha um papel. Ele acenou e voltou ao seu lugar no fundo.
O papel era um xerox antigo, uma reportagem
de jornal sobre ele. Brother John Jesus, ou algo que o valha. Ninguém sabe nada
sobre ele, só que costuma ser visto ajudando pessoas carentes cidade afora.
Na hora de descer do ônibus acenei pra ele,
ao que ele acenou de volta.
Guardei a rosa surrada até que murchasse
por completo.
E gosto de pensar que, de alguma maneira,
esse gesto dele significou alguma coisa.
2 comentários:
Significou....significou que nos states também tem gente pirada. Mas esse seu comentário exemplifica o que eu acabei de falar no post anterior!
Como assim isso significou que nos states também tem gente pirada? É claro que tem gente pirada lá. Eles elegeram o Bush!
Sobre o texto. Bom, taí um sujeito que ainda não trocou o fantástico pela razão...
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