Richard Feynman
Cada vez mais nos últimos anos tenho me interessado por história da ciência. Desde pequeno um tio meu falava de figuras mitológicas como Einstein e eu ficava encantado. Acho simplesmente fantástico tentar entender de onde surgem as grandes idéias, como funciona o pensamento desses caras. Recentemente eu estava lendo um livro sobre descobertas acidentais na ciência e vi que muitas coisas surgem por acaso. Mas isso só resulta em algo realmente bom se o olho que enxergou o "acidente" for treinado o bastante.
Uma lembrança que eu tenho de ciência na minha infância é um certo fascínio com o Prêmio Nobel, ainda que eu nem soubesse direito o que era (a tempo, a história do Alfred Nobel é bem interessante; ele descobriu a dinamite e jurava de pé junto que seu poder destrutivo iria levar à paz, já que ninguém com bom senso iria se arriscar a ser bombardeado. Algo que me lembra tempos recentes de "paz armada"...). Mais do que o prêmio, talvez me instigasse a existência da "ciência pop". Caras como Bohr, por exemplo, eram cientistas tão influentes que chegavam a ter status de celebridade. Einstein então... Essa figura do cientista pop star parece não existir mais. Talvez daqui a alguns anos os grandes cientistas de hoje sejam lembrados assim. Mas acho difícil. Esses caras tinham essa fama toda enquanto vivos e ainda bem ativos.
Mais legal ainda é ver que muitos desses gênios eram também seres humanos notáveis. Citando Bohr novamente, ouvi dizer que, quando seu posto privilegiado fez com que ele soubesse de antemão de um ataque nazista aos judeus da Dinamarca, ele organizou uma fuga em massa no meio da noite, salvando muitas pessoas que ele sequer conhecia. Outro bom exemplo foi Linus Pauling (isso mesmo, o cara que fez esse diagrama), que ganhou o Nobel da Química e o da Paz.
Mas deixa eu falar um pouco do cara da foto. Esse é Richard Feynman, o físico que é por muitos considerado o último gênio que a humanidade viu. Há alguns meses resolvi ler um pouco sobre ele e tirei algumas horas pra ver seu ótimo verbete na Wikipedia. Talvez ele tenha sido o último desses cientistas pop.
Mas o que acho mais legal no Feynman não é a ótima ciência que ele fez. Acima de tudo ele era um professor fantástico. Ele costumava dizer que se uma pessoa realmente entendesse uma coisa, ela seria capaz de explicá-la de forma compreensível. Feynman se sentiu honradíssimo ao receber a Medalha Oersted, que premia os bons educadores, mesmo apos já ter recebido o Nobel. Isso mostra a importância que o ensino tinha pra ele. Acho brilhante essa visão, mesmo porque vejo por aí muita gente que faz boa ciência mas dá aulas medíocres.
E esse texto não podia terminar de outra maneira que não esta:
Quem diria que um cara que catava bitucas de cigarro pelas ruas pra terminar de fumar faria tanta coisa notável...
7 comentários:
Completamente compreensível que sujeitos como Einstein e Bohr sejam tratados como cientistas "pop star", e hoje em dia isso não aconteça mais. Em dias atuais os prêmios e os créditos por eles não mais são dados aos "gênios" e sim às instituições de onde eles saíram, ou formaram ou que financiaram suas pesquisas. Hoje tudo o que se escuta é que "dois cientistas mecânicos do MIT criaram" tal coisa. Ou então, "um professor com PhD de Oxford descobriu que" coisa tal é assim.
Eu não me arriscaria dizer que Richard Feynman é o último gênio da humanidade. Gênios, eu penso assim, estão por toda parte, e quando eles fazem algo realmente de útil os créditos acabam ficando (a maior parte deles, pelo menos) com as instituições que os financiam. Ou então esses gênios ainda não foram descobertos.
Acontece a mesma coisa com a música. Estamos cheios de gênios musicais por aí, mas que ainda não deram as caras. Tem gente que fala que não existem mais gênios na música e uns mais radicais que falam que a música morreu. Eu não acho. Mas a música tem um problema sério que é a prostituição do mercado. Tem muita coisa boa por aí, de fato, mas também tem muita merda aparecendo, e é isso que vem vendendo, ainda que por pouco tempo.
Eu ia abrir uma discussão aqui sobre a influência do mercado nessa área, mas é melhor deixar pra outro post isso. uaheueahuaehuheauhea
Talvez o que você falou sobre o Feynman seja verdade. Mas ainda sinto que faltam muitas realizações concretas pra alguém chegar ao nível.
E estou no aguardo do seu post sobre música. Talvez os vídeos do Justin Bieber antes do sucesso (quando ele cantava boas músicas por uns trocados na rua) sejam uma boa inspiração...
Eu tava pensando em fazer um post sobre essa foto do Einstein, mas acho que é mais interessante fazer o post sobre o peso de mercado sobre a música.
faz as duas, uai!!
Que tal um post sobre tributação do mercado da arte e repasse constitucional/alocação financeira para áreas científicas?
UAUHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHUAHUAA!!!!!
tenta lá filhão!
a gente tem fé em você marco túlio
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